O Jardim Waldorf

   O ambiente acolhedor do jardim expressa o calor do lar, que deve permear por todo o primeiro setênio, fortalecendo e preparando a vida orgânica da criança para a idade escolar. Durante o período o brincar livre, as cantigas, brincadeiras de roda, o lanche, os contos e o teatro acontecem num ritmo de expansão e contração.

     As atividades de cada dia se repetem, proporcionando aos pequenos segurança e vivência mais aprofundada das atividades. Dentro de cada semana atividades de limpeza, culinária, música, aquarela e teatro vão marcando os dias, assim como os lanches preparados pelas "jardineiras" com ingredientes integrais.

     O dia do aniversário é especialmente dedicado àquela criança e as atividades se direcionam ao aniversariante: os amigos fazem um desenho pra ele, a professora confecciona um presente e ele é o centro da história do dia, além das brincadeiras.

  

     

 

 

 

 

 

    O brincar, dentro e fora, nos horários determinados, proporciona à criança espaço e ambiente para ela desenvolver sua fantasia e a criatividade, ao mesmo tempo em que desenvolve aspectos de movimento e coordenação motora. Correr, saltar, subir, descer, pisar na areia ou na grama, experimentar a terra, querer conquistar por si. Desenvolvendo assim os sentidos e aprimorando o seu amadurecimento físico e emocional. O dia-a-dia transcorre permeado de carinho, aconchego e proteção, por meio da atuação amorosa do adulto. A criança aprende através do exemplo e portanto a grande responsabilidade do educador é ser digno de ser imitado.

     Ritmo, postura amorosa da jardineira, estímulo à imaginação e estrutura do ambiente, eis os princípios que norteiam toda a Pedagogia Waldorf para os primeiros sete anos de vida da criança.

 


As crianças e as imagens

 

Quem estuda a Pedagogia Waldorf sabe que as imagens têm grande valor na educação das crianças; é, portanto, uma preocupação e um dever do educador escolher imagens adequadas à formação dos pequenos.

 

A imagem se forma dentro de nós, de modo análogo a um processo metabólico mental. Assim como digerimos os alimentos e os transformamos em parte de nós, também “digerimos” o mundo à nossa volta e o interiorizamos, tornando-o parte de nós.

 

Na criança pequena, inexperiente, seu corpo todo funciona como um “sensor” que capta tudo em volta, incapaz de selecionar o que assimilará para construir seu mundo interior. Esse universo interno, constituído de imagens, plasma seu desenvolvimento físico, emocional, intelectual e espiritual. Todo o processo de conhecimento do mundo e também nossos sentimentos são “tocados” pelo mundo de imagens.

 

O educador é quem seleciona as imagens que são propícias ao desenvolvimento da criança, pois o Eu dela ainda não é capaz de “pensar” claramente nem de usar sua liberdade com consciência.

 

Nossa preocupação é que ela interiorize as imagens do mundo valorizando a moral, a ética, o bem e a verdade. Por isso, usam-se tanto, no primeiro setênio, os contos de Fadas que descrevem simbolicamente os ciclos correspondentes aos ideais da evolução humana: crescimento, autodesenvolvimento e até mesmo morte e renascimento. Há verdades ocultas que as crianças reconhecem com o coração; por exemplo, não é necessária nenhuma interpretação intelectual para que elas entendam que a luta contra o dragão nada mais é que a luta entre o Bem e o Mal, ou que o caminho árduo percorrido pelo filho do Rei representa o caminho interior do homem em busca de seu Eu superior.

 

Além dos contos de fadas, o educador deve oferecer às crianças situações e ambientes que também falem de sentimentos bons e acolhedores, como uma tonalidade suave e firme, canções adequadas, cantinhos da sala arrumados para propiciar bem-estar e acolhimento e elementos que tragam a natureza para perto, como sementes, brinquedos em madeira, tecidos naturais, cera de abelha para modelagem e tintas com pigmentos naturais... Além do cuidado com esse mundo “externo”, é preciso lembrar que a criança percebe facilmente o mundo “interno” do adulto, pois seus sentidos estão totalmente abertos. Sabemos que ela imita tudo que está em volta, inclusive a postura interior do adulto. Por isso, o educador deve, sobretudo, ser digno de ser imitado, para que sua imagem seja boa, bela e verdadeira dentro do ser humano que queremos formar.

 

texto de Sonia Ruella


PRINCÍPIOS DA PEDAGOGIA WALDORF

 

A Pedagogia Waldorf concebe o homem como uma unidade harmônica físico-anímico-espiritual e sobre esse princípio fundamenta toda a prática educativa.

 

A partir de uma visão antropológica, a Pedagogia Waldorf abrange todas as dimensões humanas, que estão em íntima relação com o mundo, explica e fundamenta o desenvolvimento dos seres humanos segundo princípios gerais evolutivos que compreendem etapas de sete anos, denominadas setênios.

 

Cada setênio apresenta momentos claramente diferenciáveis, nos quais surgem ou despertam interesses, perguntas latentes e necessidades concretas.

 

No primeiro setênio (zero a sete anos), a criança emprega todas as suas energias para o desenvolvimento de seu físico. Ela manifesta toda sua volição através de intensa atividade corporal.

 

Essa atividade, que desencadeia a formação do físico, metamorfoseia-se em maior ou menor capacidade de atuar com liberdade na vida adulta, no âmbito cultural-intelectual.

 

Nesta fase a criança tem uma grande abertura em relação ao mundo. Ela acolhe sem resistência anímica tudo o que lhe advém do ambiente em redor, entregando-se ao mundo com CONFIANÇA ilimitada. Vive num estado de ingenuidade paradisíaca, num mundo em que o bem e o mal se confundem indistintamente.

 

Na criança, todos os órgãos de percepção sensória estão abertos e, a partir de uma intensa atividade em seu interior, ela responde com a repetição dos estímulos vindos do ambiente exterior, a IMITAÇÃO. Essa imitação é a grande força que a criança de primeiro setênio tem disponível para a aprendizagem, inclusive a do falar, do fazer, do adequado ou impróprio no comportamento humano. E é por meio da imitação mais sutil que ela gera, ainda sem consciência, o fundamento da sua moralidade futura.

 

Nesse período a criança tem muitos amigos. Está aberta a novos contatos, porém as amizades ainda são bastante superficiais, não atingindo efetivamente o outro; são muito mais destinadas a trazer o outro para o seu próprio mundo e brincar.

 

Durante esse primeiro setênio, a relação mais importante com o mundo exterior transcorre de fora para dentro. Todavia, as experiências adquiridas ainda não são centralizadas no eu, ou seja, no centro de sua consciência.

 

A Pedagogia Waldorf transcende a mera transmissão de conhecimento e se converte em sustentação do desenvolvimento integral do educando, cuidando que tudo o que se faça tenha como meta a transformação de sua vontade e o cultivo de sua sensibilidade e intelecto. Desse modo, procura-se estabelecer uma relação harmônica entre desenvolvimento e aprendizagem, fazendo confluir a dinâmica interna da pessoa com a ação pedagógica direta, ou seja, integrando os processos de desenvolvimento individual com a aprendizagem da experiência humana culturalmente organizada.

 

A Pedagogia Waldorf dá especial atenção para que no ensino se encontrem entretecidos pontos de vista científicos e estético-artísticos com os aspectos relativos ao respeito profundo e à admiração ante o mundo.

 

Aprofundando-se nos estudos antropológicos e ampliando-os, Rudolf Steiner compreendeu que os fundamentos para a realização dos ideais humanos de convivência moral-social baseados na liberdade com responsabilidade, fraternidade, respeito mútuo, consciência plena de igualdade de direitos e deveres, desenvolvem-se na criança e no jovem através do cultivo da admiração e da veneração, os quais só podem se dar através de uma religiosidade livre e verdadeira. Respeitando todas as religiões, foi no cristianismo que Rudolf Steiner encontrou caminho para essa religiosidade. Assim, as Escolas Waldorf têm sua pedagogia permeada por valores cristãos livres de qualquer instituição confessional.

 

Princípios pedagógicos para a Educação Infantil Waldorf

 

“Educar para o futuro” significa encarar, a partir da própria organização escolar, os principais desafios que a atualidade nos propõe.

 

A seguir se explica como a Escola Waldorf busca respostas às problemáticas fundamentais da sociedade atual, com base nos conhecimentos antroposóficos, desde a Educação Infantil.

 

Na Pedagogia Waldorf, é dada uma importância fundamental à educação no primeiro setênio por se tratar da fase da vida na qual é desenvolvida a organização do corpo físico, o veículo que o indivíduo irá usar como meio e instrumento para a concretização de sua missão na Terra. A educação visa proporcionar um corpo são para uma mente sã.

 

Fatos importantes para o desenvolvimento da organização do corpo físico é o meio ambiente de onde vêm os estímulos para a formação dos órgãos sensoriais e o ambiente anímico-espiritual (psicológico) que influenciará mais a formação dos órgãos internos. A saúde do indivíduo para toda sua vida depende, em grande parte, das pré-disposições implantadas nessa fase, em que todas as forças vitais estão empenhadas na formação do organismo corpóreo.

 

Até aproximadamente os três anos de idade, o cérebro, centro nervoso, está em franco desenvolvimento, cheio de vitalidade, sendo moldado conforme os estímulos vindos do ambiente e pelas experiências corporais que fazem uso da motricidade. As experiências vividas inicialmente em nível corpóreo ficarão gravadas no cérebro e poderão ser usadas posteriormente como base para o pensar. A criança que pôde desenvolver corretamente sua habilidade corpórea natural tem uma boa pré-disposição para um pensar vivo e ativo, posteriormente.

 

Durante seu desenvolvimento, nos três primeiros anos de vida, quando por meio de um grande empenho, a criança conquista o andar ereto, o falar e inicia o processo de pensar, é a fase do aprendizado mais importante da vida. Trata-se das três capacidades intrínsecas do homem que o distinguem do animal. O acompanhamento correto desse processo é a base para a elaboração educacional para berçários e maternais. Quanto menos interferências houver nesses processos, acelerando-os ou deixando de criar condições propícias, tanto melhor para a criança.

 

Outro momento importante entre os dois ou três anos de idade, é quando a criança diz “eu” para si. Antes ela se sentia uma com o mundo, não se distinguia dele; agora, ela se vivencia separada dele, deparando-se inclusive com o “tu” e com as outras pessoas. Antes era egocêntrica, egoísta por natureza; agora, ela vai despertando para o convívio social. A teimosia típica dessa idade deve ser compreendida como uma medição de forças para o conhecimento das capacidades do eu próprio.

 

A maturidade da criança para ingressar no jardim da infância, onde vai ter que aprender a conviver socialmente, mostra-se à medida que ela sabe lidar com o “tu”, em torno dos três a quatro anos de idade. Também é o momento em que as primeiras características do pensar se ampliam, mostrando uma grande mobilidade de pensamentos que podem se unir arbitrariamente, nem sempre fieis à realidade exterior: chama-se fantasia infantil. Muda todo o mundo de brincar da criança, que é influenciado intensamente pela imitação e pela fantasia. No ambiente corpóreo se apresenta uma crescente capacidade no uso dos braços e das mãos como também um domínio no uso da respiração.

 

Ao redor dos cinco anos de idade, ocorre uma nova mudança de comportamento da criança. As brincadeiras se tornam mais ordenadas, numa imitação fiel da realidade vivida pela criança. As perguntas muitas vezes têm um cunho “filosófico” e também aparece a capacidade de compreender o ontem, o hoje e o amanhã, significando um novo passo no despertar do pensamento.

 

No âmbito corpóreo, as crianças de cinco e seis anos mostram maior habilidade no uso de pernas e pés. As habilidades corpóreas vão se desenvolvendo da cabeça aos pés, repetindo o processo formativo do feto e o processo do nascimento. No final do primeiro setênio, a criança já deve ter colocado seus pés firmemente no chão, quando ela encarnou na sua própria corporalidade e agora está pronta para o aprendizado no Ensino Fundamental.

 

Como a criança de primeiro setênio ainda não desenvolveu, por natureza, sua capacidade de raciocínio, o educador não pode apelar para uma compreensão. Ele terá que apelar a um elemento nato, ou seja, a imitação. A criança aprende a se adequar aos apelos do mundo por meio da imitação das pessoas e das ocorrências do seu redor. O educador é um exemplo que deve ser digno de ser imitado. Ele faz parte do meio ambiente formador da criança. Na educação infantil, o educador deve apelar para a imitação e para a fantasia, ajudando a criança de primeiro setênio a adaptar-se à realidade do mundo.

 

No jardim de infância são agrupadas crianças de quatro a seis anos, porque o ambiente e as atividades desenvolvidas atendem a todas as idades, uma vez que a proposta da pedagogia Waldorf para o primeiro setênio é criar um ambiente propício para a formação, e não uma pré-escola com informações ou ensino formal. O jardim de infância, como o maternal, é o prolongamento do lar e não uma “ante-sala” do ensino escolar. Assim como numa família onde irmãos de idades diferentes educam-se mutuamente, também as crianças de jardim de infância, em grupos de idades mistas, têm essa mesma oportunidade.

 

No primeiro setênio, o desenvolvimento está centrado principalmente na organização corpórea e sendo influenciado intensamente pelos estímulos do ambiente no qual a criança vive, a atenção que o educador deve dar à formação dos órgãos sensoriais é indiscutível. São os sentidos que trazem as mensagens do próprio corpo e ajudam a criança a fazer uso dessa corporalidade para ir se adaptando ao mundo. O educador Waldorf dá muita importância à qualidade dos fenômenos e objetos que justamente vão influenciar a formação e o funcionamento dos órgãos dos sentidos.

 

Outro aspecto fundamental é o ritmo.

 

Todo processo vivo de aprendizagem deverá necessariamente respeitar e fomentar um ritmo adequado. A pedagogia Waldorf considera fundamental a alternância sadia e equilibrada entre concentração e expansão, entre atividade intelectual e prática, entre esforço e descanso, entre recordação e esquecimento. Assim se planeja o mais cuidadosamente possível, a partir desse ponto de vista, tanto na prática educativa anual, mensal, semanal e diária, como também cada uma das horas de aula, a fim de conseguir o ritmo adequado às fases de compreensão, assimilação e produção da aprendizagem.

 

Isso requer estruturas flexíveis e móveis que integrem tempos, durações e ritmos multiformes, ou seja, um novo significado do tempo. Em educação, isso exige uma organização dinâmica que se adapte aos conteúdos, às práticas pedagógicas e ao aluno.

 

Ligadas ao ritmo, são comemoradas as festas do ano.

 

A criança vivencia o ciclo anual de uma forma direta, pois o perfaz com todo seu ser, como se fizesse parte da natureza. Neste contexto, as festas anuais podem ser compreendidas mais conscientemente, cada uma de acordo com as suas características.

 

Nas escolas Waldorf, as festas do ano seguem o calendário cristão. Delas são extraídos os verdadeiros conteúdos e transformados para as crianças em imagens retiradas da natureza.

 

Também é comemorado o aniversário de cada criança, e neste dia, além da festa, todo o ritmo é voltado para esse evento.

 

No ritmo de cada dia, o brincar ocupa um lugar de extrema importância.

 

O valor do brincar para o desenvolvimento sadio da criança é cientificamente comprovado e é a preocupação de muitos educadores. Na pedagogia Waldorf ele tem valor preponderante, principalmente na educação da criança de primeiro setênio. O brincar livre, não dirigido ou proposto, é visto como o maior e o melhor estimulador para um desenvolvimento que esteja de acordo com a maturidade etária e as capacidades individuais de cada criança. O impulso natural interior da criança para aprender a se tornar humana, para adaptar-se e se adequar ao ambiente, encontra evasão no brincar livre. Ela procura a atividade lúdica que melhor corresponde às suas necessidades evolutivas momentâneas, seguindo inconscientemente e instintivamente os estímulos provenientes de uma sabedoria corpórea. Faz parte da natureza da criança querer sempre se superar, tornando-se cada vez mais capaz no domínio de sua própria corporalidade e na interação com o mundo.

 

Os educadores têm a tarefa de criar o ambiente e as condições para o processo auto-educativo da criança no brincar livre. Sua primeira preocupação é criar um ambiente propício para o desenvolvimento dos órgãos dos sentidos, que irão se formar de acordo com as qualidades dos estímulos. Não é o excesso de estímulos que irá proporcionar uma organização sensória capaz de perceber as sutilezas do mundo, justamente aquelas que mais enriquecem a vida interior. O excesso de impressões e estímulos não permite que a criança tenha tempo para se ligar ao percebido; ela irá desenvolver o hábito para a superficialidade e terá dificuldades para a concentração. Cada objeto em sala de aula deve ter seu valor para que as crianças possam criar vínculo com os mesmos. Estas são qualidades importantes a serem desenvolvidas em nossa época em que quase tudo é descartável e, portanto, desprezível. Os objetos e os brinquedos devem ser de materiais naturais, duradouros e bonitos esteticamente, já que irão influenciar a formação dos órgãos dos sentidos e, indiretamente, despertar o amor e o respeito pela natureza.

 

Os objetos com os quais as crianças brincam não devem ter um acabamento pormenorizado, réplicas fiéis dos objetos usados pelos adultos. Eles devem despertar a fantasia infantil que lhes dará o “acabamento personalizado”, de acordo com as necessidades solicitadas pela imaginação.

 

Além dos brinquedos estruturados usuais como bonecas de pano, carros de madeira, etc, dá-se muita importância, na Pedagogia Waldorf, ao oferecimento de objetos rústicos naturais, tais como a natureza oferece, como pinhas, sementes de vários tamanhos, tocos de madeira de vários tamanhos e formas, conchas, pedras, raízes e tudo que possa estimular a fantasia da criança, que logo encontrará uma “utilidade” para eles. Também são oferecidos instrumentos musicais bem afinados e de percussão como metalofone, xilofone, triângulos, sinos, etc.

 

Dentre as atividades desenvolvidas no jardim de infância Waldorf, cabe destacar alguns pontos que demonstram, na prática, a proposta pedagógica em foco.

 

O tema utilizado nas rodas rítmicas (cirandas e dramatizações) é inspirado na natureza, na vida. A professora vai pesquisar os movimentos que expressam coerentemente cada imagem, cada ação que ela quer trazer às crianças.

 

Com relação ao desenho, devemos lembrar que a criança do primeiro setênio não deve aprender a desenhar de forma dirigida. Devemos incentivar o desenho livre como uma atividade diária, sendo que o lápis ideal para ser usado é o lápis de cera ou outros que tenham a superfície corante bem larga.

 

O mesmo se dá no que diz respeito à música, pois cabe aos educadores discernir que características a música levada à criança deve ter, pois essa música deve ir de encontro ao estágio de desenvolvimento em que a crinça se encontra.

 

E assim, nas demais atividades propostas, também procura-se atender as reais necessidades físicas, psíquicas e espirituais de cada criança, proporcionando um ambiente adequado ao grupo como um todo e a cada uma em sua individualidade.

 

Na pedagogia Waldorf não se pretende contribuir para a aceleração do desenvolvimento da criança. Temos hoje na sociedade, de modo geral, a tendência a estimular o aprendizado causando uma precocidade infantil.

 

Uma das questões fundamentais da educação é como lidar com essa aceleração do desenvolvimento da criança. Será que, de fato, a solução consiste na antecipação dos conteúdos de ensino? Ou as crianças estão esperando outra solução para suas necessidades? Na pedagogia Waldorf não se vê a aceleração ou a antecipação como solução. A solução está na real compreensão fisiológica e psicológica do desenvolvimento da criança, e a partir dessa compreensão profunda, criar um ambiente de situações propícias para o aprendizado das crianças de uma determinada faixa etária. A aceleração e o adiantamento do ensino formal, já no primeiro setênio, não permitem o amadurecimento das vivências e experiências. Esse procedimento favorece o acúmulo de informações e ajuda a criar o hábito da superficialidade, ao exigir sempre mais novidades, mas sem o aprofundamento de nenhuma.

 

A criança passa por fases de desenvolvimento e cada uma delas é um passo no despertar da consciência.

 

Na pedagogia Waldorf, procura-se propiciar que a criança experimente amplamente as possibilidades que seu processo de amadurecimento lhe proporciona. A criança deve usufruir com muita alegria a repetição de cada nova conquista no seu caminho de adaptação e conhecimento do mundo. Entende-se que a qualidade sempre tem mais valor do que a quantidade.

 

Cabe ao educador Waldorf. que deve buscar uma profunda compreensão antropológica e pedagógica do processo evolutivo do ser humano, criar o ambiente que atenda às necessidades da criança.

 

Na pedagogia Waldorf, o papel do educador infantil é visto como de extrema importância e até mesmo decisivo para toda a vida do indivíduo. A primeira fase da vida é o fundamento, o primeiro degrau sobre o qual se edifica todo o desenvolvimento futuro. Isto requer uma ampla formação do educador infantil em todos os âmbitos.

 

Como a educação da criança do primeiro setênio apela essencialmente para a imitação, o educador, como exemplo, deve ter a capacidade para uma autêntica auto-crítica e força de vontade para a auto-educação.

 

O educador tem de ter uma boa capacidade de observação tanto para observar o processo evolutivo das crianças, como também para observar as manifestações da natureza. Sua função é justamente a de ajudar as crianças a se familiarizarem e se adaptarem às condições da vida na Terra, e ajudá-las a conhecer o mundo no qual irão atuar futuramente. Com a incapacidade da criança de compreender racionalmente os fenômenos do mundo, o educador terá que usar a linguagem compreendida nessa faixa etária: a linguagem dos gestos, dos movimentos vivenciados na natureza. A linguagem falada ou cantada é mais um acompanhamento dos gestos que caracterizam a natureza, e proporciona maior vivência e aprendizado da própria língua, do vocabulário e a imitação correta dos fonemas. O educador deve ter uma voz agradável para falar e afinada para cantar. Também é importante ter uma dicção clara e bem formulada para o contato constante com as crianças e para contar-lhes histórias e contos de fadas.

 

O educador deve ter bom senso rítmico e conhecer a atuação dos ritmos falados, cantados e musicais sobre a índole da criança.

 

Apesar de as crianças de jardim e infância não fazerem tantos trabalhos manuais dirigidos, é importante que o educador seja habilidoso manual e corporeamente para todos os afazeres do dia a dia em sala de aula, pois estes serão imitados pelas crianças em seu brincar livre.

 

Dentre esses afazeres, consta o preparo do lanche de cada dia, que é feito pela professora na presença das crianças e com a colaboração das mais velhas e/ou interessadas em participar deste momento que, na Pedagogia Waldorf, é visto como uma importante atividade.

 

Procura-se sempre preparar e oferecer alimentos naturais, selecionados de acordo com orientações antroposóficas a respeito da alimentação das crianças. Produtos como frutas, legumes, cereais integrais, mel (evita-se o uso do açúcar branco) entre outros fazem parte do cardápio, que também tem um ritmo que se repete a cada semana. Neste aspecto o educador deveria refletir e, se preciso for, rever sua própria alimentação, pois a criança assimila mais e melhor aquilo que sente ser verdadeiro na vida da professora.

 

Um bom educador estará sempre preocupado com sua auto-educação. O verdadeiro interesse e preocupação do adulto em melhor conhecer e servir cada criança, fará com que desenvolva a capacidade interior de tecer um elo de investigação invisível com cada criança do seu grupo.

 

Também faz parte da auto-educação o constante estudo de aprofundamento das bases da Pedagogia Waldorf, assim como na Antroposofia, filosofia que a norteia. Além do estudo individual, o educador procura participar de grupos de estudos, encontros regionais de jardineiras (assim são chamadas as professoras do jardim de infância Waldorf) e congressos específicos que tratam da faixa etária em questão, tanto no Brasil como no exterior.

 

Os educadores devem trabalhar em conjunto com as famílias, pois as escolas Waldorf têm como meta básica fazer com que os pais acompanhem de perto o desenvolvimento de seus filhos. Escola e família trabalham conscientemente para a formação harmoniosa das crianças. Para isso, desde o momento da matrícula, a escola deverá deixar bem claro aos pais qual é a proposta pedagógica. Os pais, então, de posse desse material, poderão refletir e tomar uma decisão consciente sobre a futura educação de seus filhos, participando assim, ativamente, desse processo.

 

Pais serão chamados para conversas particulares sobre o andamento de seus filhos na escola e, ainda em respeito ao espírito de convivência entre a escola e a família, os professores deverão, pelo menos uma vez por ano, visitar seus alunos em suas casas.

 

A escola promoverá também passeios visando o entrosamento e a convivência social harmônica.

 

Festas escolares, normalmente relacionadas às épocas do ano, devem ser prestigiadas pelos pais, assim como o evento do Bazar.

 

O Bazar é fruto da organização e trabalho efetivo realizado, ao longo do ano, pelas famílias. Trabalhos de marcenaria, confecção de brinquedos, encadernação de livros, artesanato e pintura são executados pelos pais e expostos para toda a comunidade, revelando às nossas crianças a grande potencialidade humana.

 

Grupos de estudos sobre a Pedagogia Waldorf e desenvolvimento infantil serão oferecidos aos pais para que escola e família caminhem juntas no processo de educação da criança.

 

A pedagogia Waldorf estuda cada criança, individualmente, buscando suprir suas necessidades. Trabalha com o grupo de classe, fornecendo o alimento anímico à sua etapa de desenvolvimento e ainda orienta os pais para que participem ativamente do desenvolvimento e formação de seus filhos, construindo uma comunidade viva, forte e muito mais feliz.

 


A importância da frustação para a saúde mental

Embora muitos pais tentem a todo custo evitar que seus filhos tenham frustrações, elas são importantes para o desenvolvimento humano. Bem interessante o Café Filosófico com o psicoterapeuta Ivan Capelatto, que aborda o tema.


O aprendizado da criança

Na infância as crianças aprendem pela IMITAÇÃO do que você faz e não pela palavra, pelo sermão. Mas, é óbvio que precisamos conversar com ela para que aprenda a falar; mas devemos saber o que falar e o que não falar. Quando exigimos da criança que aprenda algo com a cabecinha, ou entenda as coisas como nós queremos que ela entenda, estamos fazendo com que ela use essas forças formativas que estão plasmando os órgãos para a compreensão e o entendimento e aí nós as desvitalizamos e promovemos uma má formação dos órgãos para o resto da sua vida.

 

O ser humano leva 21 anos para adquirir maior consciência das coisas. Esse tempo é o tempo que o sistema nervoso central leva para mielinizar todas suas células nervosas, isto é, deixa-las maduras. Essa bainha de mielina é a responsável pelas conexões nervosas (sinapses) entre os neurônios.

 

Nos primeiros anos de vida, até a troca dos dentes, por volta dos seis anos, a mielinização para a aprendizagem está sendo formada. A consciência da criança está ainda num estado de sono nesta etapa da infância,ou seja, ela não tem consciência das coisas como nós adultos já a temos. Por isso que a criança é criança e depende de nós para tudo. Ela não tem discernimento, crítica e julgamento ainda sobre as coisas da vida.

 

Ter consciência significa fazer as sinapses entre os neurônios. Nas sinapses há um dispêndio de energia muito grande. Por isso que quando prestamos atenção em algo ou quando usamos por demais nossos órgãos dos sentidos nos sentimos cansados. À noite necessitamos dormir para repor essa energia gasta durante o dia de vigília, de atenção a tudo.

 

Em antroposofia costumamos dizer que nos sete primeiros anos o corpo da vida ( vital, ou etérico) da criança está sendo plasmado, formado. Seus órgãos ao nascer não estavam de todo amadurecidos e para que esse amadurecimento ocorra é necessário ter energia, vitalidade. Lembre-se sempre que consciência é gasto de energia, é queima de substância cerebral.

 

O cérebro também é um órgão e ele é a base para o pensamento. Se a criança até três anos está formando cérebro para pensar como é que ela pode usá-lo pensando? Não se cozinha feijão numa panela que ainda está sendo feita! Como a criança ainda não tem a coordenação fina pronta porque lhe dar um lápis, uma agulha? Se ela ainda não se administra nos perigos porque lhe dar a tesoura, a faca?

 

Outros órgãos como o fígado, pulmões, coração, rins, estão amadurecendo também e quando exigimos da criança que aprenda algo com a cabecinha, ou entenda as coisas como nós queremos que ela entenda, estamos fazendo com que ela use essas forças formativas que estão plasmando os órgãos para a compreensão e o entendimento e aí nós as DESVITALIZAMOS e promovemos uma má formação dos órgãos PARA O RESTO DE SUAS VIDAS!

 

Já está provado pela ciência que o avanço da doença ALZHEIMER é também decorrente de uma exigência precoce do sistema neurosensorial na infância. Rudolf Steiner cita muitas vezes esse fator em seus livros. Por isso que a Pedagogia Waldorf, por estar baseada numa ciência antroposófica, preocupada em formar seres humanos saudáveis, verdadeiros e livres, é totalmente contra a alfabetização precoce. Essa pedagogia prima por excelência pela saúde física, emocional, mental e espiritual da criança e do adolescente principalmente no período de seu desenvolvimento.

 

Hoje, com essa mania de escolarização precoce, as crianças de um modo geral estão muito doentes: depressão, dores de barriga, dores de cabeça, pedra nos rins, pneumonia, cansadas, entediadas, tristes apáticas… O que estamos fazendo com nossas crianças?

 

As crianças aprendem pelo movimento e pela repetição. Se quiser que ela atenda uma ordem faça o que quer que ela faça: coma você com a boca fechada se quer que assim o aprenda; fale você mais baixo; feche a porta você sem bater; escove você os dentes com a torneira fechada; seja você carinhoso com ela, e assim por diante. Na infância as crianças aprendem pela IMITAÇÃO do que você faz e não pela palavra, pelo sermão. Mas, é óbvio que precisamos conversar com ela para que aprenda a falar; mas devemos saber o que falar e o que não falar.

 

Deixe que a criança descubra o mundo por si mesma, vivenciando-o; experimentando-o; incorporando-o e, sobretudo, aprendendo ao vivo e não através da mídia. Promova-lhes as oportunidades. Quanto mais a criança descobrir por si através do movimento, do equilíbrio e dos seus órgãos dos sentidos, mais ela fará conexões nervosas e quanto mais sinapses ele tiver feito na infância por ela mesma mais espaço no cérebro ela terá para a aprendizagem posterior cognitiva.

 

Pilar Tetilla Manzano Borba


O valor do brinquedo no cultivo dos sentidos

 

“Tudo que é artificial ilude os sentidos das crianças”

A criança percebe o mundo pelos seus órgãos sensoriais: Tato, Olfato, Gustação, Visão e Audição; pelo sentido do equilíbrio, do movimento, do calor, etc.

O mundo entra nela pelos órgãos dos sentidos. E isso se dá pelo contato com a natureza, pela vivência dos elementos: ar, água, terra e fogo; pelas brincadeiras do dia-a-dia e pelos brinquedos.

Tão importante como a brincadeira o brinquedo em si tem sua atuação: - o material de que é feito, as formas, as cores, a proporção, o volume, a superfície, o peso, etc.

Enquanto a criança vivencia os quatro elementos ela também adquire a noção de duro-mole, pesado-leve, quente-frio, alto-baixo, grande-pequeno, e assim vai se situando no mundo e fazendo uso do que o mundo proporciona.

A atividade do brincar exige um esforço interior de expressão do EU, denominado IMAGINAÇAO. Essa imaginação precisa ser alimentada, precisa ter ambiente adequado. Os brinquedos prontos não dão “asas” à imaginação.

 

A PERCEPÇÃO VISUAL

A criança observa atentamente o mundo animal, vegetal, mineral e humano com muita curiosidade.

O sentido da visão é constantemente atacado por cores fortes, berrantes, por gravuras agressivas, caricaturas de animais e pessoas. Além de ser um ataque ao sentido da visão, é também uma afronta ao sentido da beleza.

Os brinquedos ou materiais usados pelas crianças devem ter cores claras, nítidas e se possível sem tonalidades mistas.

Os brinquedos de madeira de preferência na sua cor natural. Quando pintados a cor deve ser firme, não tóxica e lavável.

 

A PERCEPÇÃO DA FORMA

O brinquedo quanto ao tamanho deve caber na mão da criança.

A criança deve poder segurar o brinquedo com firmeza.

Pontas e quinas devem ser arredondadas.

A pessoa, coisa ou animal que o brinquedo representa deve ser facilmente reconhecível.

Detalhes em demasia confundem e não permitem que a fantasia da criança atue.

Evitar brinquedos com formas humanas irreais e animais com várias cabeças. Os pais devem procurar usar o bom senso.

 

O TAMANHO

O tamanho do brinquedo deve ser proporcional ao tamanho da criança. As bonecas devem caber em seus braços pois ela representa a(o) filha(o). Não tem sentido a boneca ser maior do que a criança.

Quanto aos blocos de madeira devem ser maiores para as crianças pequenas para facilitar o manuseio e para as crianças maiores eles já podem ter tamanhos menores. Evitar peças que podem ser engolidas.

 

A PERCEPÇÃO AUDITIVA

Os sons necessitam ser suaves e melódicos. Dê preferência à voz humana e carinhosa.

Procurar evitar os ruídos eletrônicos que destroem a sensibilidade auditiva causando inclusive surdez.

Observar o ruído do vento, o som das ondas do mar, o canto dos pássaros, a voz dos animais, o som das sementes dentro das vagens, do balanceio dos galhos das árvores, etc.

 

A PERCEPÇÃO TÁTIL

O tato deve ser educado principalmente pela roupa que a criança veste.

Roupas de algodão, lã ou até seda permitem que a pele respire ao contrário dos tecidos sintéticos.

Os brinquedos também atuam no tato da criança. Os de plástico são muito frios, de matéria morta; já os de madeira são quentes, provém de matéria viva. Os de lã natural atuam também beneficamente assim como os de pano de algodão.

A sucata deve ser cuidadosamente escolhida pois a maioria não passa de lixo.

Para o sentido do tato é essencial que a criança tenha contato com os quatro elementos da natureza (ar, água, terra e fogo) através das brincadeiras com água, barro, areia; dos diferentes materiais dos brinquedos (madeira, bambu, cascas de cocos, cabaças, sementes, conchas, sisal, algodão, lã de carneiro, tecidos de algodão, etc).

A facilidade de agarrar o brinquedo e o ‘calor’ da superfície é importante para o desenvolvimento da percepção tátil. Também é necessário que a criança brinque no chão em contato com o calor do solo se arrastando, rolando, pulando para sentir seu limite corporal através do sentido do tato.

Evitar brinquedos que não condiz com a realidade como por exemplo carros de plástico que se afundam e ferramentas que entortam.

 

A PERCEPÇÃO OLFATIVA

O olfato da criança deve ser educado com os cheiros naturais como o perfume das flores, o cheiro da comida, da terra molhada pela chuva, etc.

Evitar cheiros fortes de material de limpeza e de essências que acabam por irritar a criança deixando-a incomodada e inquieta.

 

A VERSATILIDADE

A criança deve descobrir por si as várias possibilidades que o brinquedo oferece.

Dependendo da idade da criança um brinquedo pode ter vários usos.

A criança deve ter plena liberdade para usar sua imaginação enquanto brinca.

Quanto mais simples for o brinquedo mais possibilidade terá para estimular a criança a inventar novas brincadeiras. Blocos de madeira são excelentes para esse fim.

A bola é o brinquedo primordial devido a sua forma redonda. Quanto mais a criança brinca com ela mais desenvolve seus sentidos. A bola estimula o tato, a coordenação motora, a visão, o equilíbrio, a noção espacial e temporal.

Os panos alimentam a fantasia da criança ao construir cabanas, capas, forrando o chão da casinha, embrulhando bonecas, fazendo o rio, etc.

Um pedaço de pau pode ser um cavalo, uma espada, uma colher, uma faca, uma pá, etc.

Caixas de madeira ou de papelão podem servir de armário, de cada, de mesa, pode ser um carro, um barco, um forno, uma cama, etc.

Procurar dar sempre um brinquedo que estimule uma ação como: empurrar, puxar, empilhar, enfileirar, encaixar, separar, comparar, agrupar etc.

O mesmo brinquedo pode já conter vários valores como o da sensação, da percepção e da função.

 

A DURABILIDADE

Um bom brinquedo deve durar bastante tempo. Não guardando-o mas sendo usado incansavelmente pela criança.

O brinquedo é tanto mais durável quanto melhor for a qualidade de seu material.

Dependendo da fase da criança ela o usa de um modo diferente.

Evitar brinquedos que desmontem inteirinho quando as crianças ainda são pequenas pois elas devem primeiro vivenciar o todo para depois juntas as partes.

Quebra cabeças não são adequados para crianças pequenas salvo aqueles em que as peças são grandes e as figuras saem por inteiras e não partidas.

Os brinquedos devem facilitar a criança a imitar situações rotineiras.

 

CLASSIFICAÇÃO DOS BRINQUEDOS

Brinquedos de ocasião

São aqueles que a criança brinca algumas vezes, em determinadas fases de seu desenvolvimento e depois os deixa. São divididos em três grupos:

- Brinquedos encontrados na natureza: areia, terra, água, pedrinhas, sementes, troncos, galhos, folhas, bagas e flores.

- Brinquedos que a criança acha dentro de casa: cestos de papéis, gavetas da cozinha, do quarto, do escritório; panelas e tampas, colheres, latas, caixas, panos, que também são chamados brinquedos de todos os dias.

- Brinquedos confeccionados pelas mães e/ou pelos pais: máscaras, pipas, fantasias, recortes, dobraduras, casinhas feitas com caixas de fósforo ou de sapatos, carrinhos de tocos, cavalinhos de cabos de vassoura, bolas de meia, tricô ou crochê, bichinhos de tricô, pompons, etc

- Brinquedos duráveis: são aqueles que se tornam bens valiosos da criança ao longo dos anos: cubos de madeira, blocos de madeira, carrinhos de madeira, bichinhos de pelúcia, bonecas de pano, cavalinho de pau. Caminha e carrinho de boneca.

- Brinquedos mecânicos: são aqueles em que a própria criança os coloca em ação percebendo seu mecanismo: palhacinho que entra dentro do cone quando puxado pela vareta; boneco que faz pirueta apertando as duas varinhas; anõezinhos que martelam; bonequinho que desce a rampa dando cambalhotas; patinho que bate as asas quando puxado pela corda ; burrinho que se mexe.Caminhão que bascula.

 

LUGAR, TEMPO E DESCANSO PARA BRINCAR

A criança necessita de um canto só dela para brincar, onde poderá ficar algumas horas por dia, e onde seus brinquedos poderão ser guardados.

Sem uma razão urgente não se deve interromper uma criança que se encontra entretida na sua brincadeira. É desta forma que ela adquire concentração.

A criança muito pequena necessita ter sua mãe ou uma pessoa de seu convívio sempre por perto para brincar com ela, e também de poder brincar de vez em quando na sala ou noutras dependências da casa.

Como a criança aprende imitando procurar guardar os brinquedos junto com ela e criar o hábito de guardá-los sempre após brincar.

Um dos deveres que temos como adultos que cuidam de crianças é ter calma, paciência e tempo para observá-la e compreendê-la em suas necessidades e características peculiares.

 

SOBRE MATERIAIS DIDÁTICOS

Material didático é tudo o que traz informações e, a primeira informação didática provém do próprio material de que é feito o brinquedo.

O melhor material ainda é aquele encontrado na natureza: madeira, folhas, vagens com sementes, cabaças, água, terra, areia, pedras, bambu, conchas, sisal,etc

O meio que rodeia a criança durante as horas do dia é material didático que informa, forma e serve para seu desenvolvimento físico, emocional, mental e espiritual.

Devemos proporcionar materiais que tragam um pouco de calor para a criança que se encontra hoje num mundo de plástico. Esses materiais poderiam ser por exemplo papelão, tecidos de algodão, bolas e bonecos recheados com lã de carneiro; feltro, couro, etc.

 

CONSIDERAÇÕES

Os brinquedos prontos não dão margem à imaginação pois já estão prontos, definidos, limitados. Assim também é com a televisão que substitui essa atividade interna da criança ao brincar.

O mundo moderno quer dar tudo pronto, definido e acabado para a criança porque a encara como adulto em miniatura. CRIANÇA NÃO É ADULTO.

Na idade entre dois e três anos a criança destrói antes de construir do mesmo modo que compreende antes de falar. Nesta fase também não se detém por muito tempo numa mesma brincadeira e não empresta nem divide seus brinquedos e embora brinque ao lado de outras crianças ainda não interage totalmente com elas.

Nos primeiros sete anos da criança mais importante que os brinquedos são as brincadeiras com o corpo: - no colo dos pais, serra-serra serrador. No balanço na rede e no balanço, o gira-gira, o trepa-trepa, a bola grande, a corrida livre, brincadeira na água, etc.

Evitar brinquedos nocivos que induzem à violência como armas, carros de guerra, bonecos de guerra; brinquedos eletrônicos que levam a criança à inércia e à apatia.

Diante de um brinquedo devemos fazer a pergunta: ele move internamente a criança e a faz agir sobre ele ou a criança é uma mera espectadora.

 

Por: Pilar Tetilla Manzano Borba